Professor Daniel Pansarelli, da Universidade Federal do ABC, falou sobre os Caminhos para a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão |
Agência UEL - 24/10/2019
"Não conseguimos enxergar a universidade sem a pesquisa, o ensino e a extensão. Temos o desafio de construir o conhecimento integrado nesses três pilares. A universidade é um fenômeno social, que surge quando o povo acredita e sente necessidade de produzir conhecimento. A UEL é fruto desse movimento e não vão nos fazer desistir". A afirmação é do reitor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), professor Sérgio Carvalho, durante a abertura do 1º Encontro Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão, realizada ontem (23), à noite.
O Encontro reúne, em um mesmo evento, o 28º Encontro Anual de Iniciação Científica (EAIC), o 8º Simpósio de Extensão da UEL - Por Extenso, o 2º Encontro Anual de Extensão Universitária e o I Pró-Ensino - Mostra Anual de Atividades de Ensino. O 1º Encontro Integrado tem patrocínio do Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária e do Governo Federal, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A abertura do Integrado contou, também, com a presença da professora Marta Fávaro, pró-reitora de Graduação; da professora Mara Dellaroza, pró-reitora de Extensão, Cultura e Sociedade; e do professor Arthur Mesas, pró-reitor em exercício de Pesquisa e Pós-Graduação. Após a cerimônia de abertura, o professor Daniel Pansarelli, da Universidade Federal do ABC falou sobre os "Caminhos para a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão". Ele foi pró-reitor de Extensão e Cultura da universidade do ABC entre os anos 2014 e 2018.
Pansarelli, durante a palestra, abordou a construção da identidade da universidade brasileira, considerando o contexto histórico do país. Para entender os desafios atuais da universidade, ele recorre à história. No Brasil, a formação superior começa com os primeiros colégios jesuítas por volta de 1550. Esse modelo persiste por 200 anos, até por volta de 1750, com a reforma promovida por Marquês de Pombal.
Segundo Pansarelli, com a chegada da família real portuguesa em 1808, o ensino superior assume um caráter tecnicista. "Médicos, por exemplo, continuavam a ser formados na Europa, mas a mão de obra da enfermagem passava a ser estruturada no Brasil. Isso ocorre também em outras áreas". O modelo técnico percorre todo o século XIX e somente no século XX, nos anos 1930, o ensino superior se estrutura no Brasil, como a universidade é conhecida atualmente. Ele considera esse processo tardio, se comparado a universidades que surgem, muito antes, em países como o México e outros da América do Sul
Esse modelo de universidade, conforme o professor, pensa o ensino de forma tradicional, que usa a sala de aula e os laboratórios de forma estritamente disciplinar, com pouca inovação. A pesquisa é pautada por valores desenvolvimentistas defendidos pelas Forças Armadas e a extensão, como aquilo que não se encaixa no ensino e na pesquisa, com atividades internas e de formação de servidores. "Esse modelo de universidade é resultado de experiência histórica 'consolidado' durante os regimes ditatoriais do século XX", afirma o professor.
Pansarelli afirma que o desafio, portanto, é repensar a universidade a partir do público que não estava inserido no projeto original de universidade, criada no século XX. "A universidade foi pensada de uns poucos para poucos. Estamos construindo uma universidade nova", afirma ele. Essa nova universidade passa pela inclusão e a facilitação do acesso no começo do século XXI. Em 2000, havia 7% dos jovens entre 18 e 24 anos na universidade. Em 2010, esse percentual passou para 14% dessa faixa etária, passando a incluir segmentos que antes não ingressavam no ensino superior.
"O ensino, a pesquisa e a extensão são, por natureza, indissociáveis e é no contexto dessa nova instituição que temos de pensar nossa atuação. O projeto de universidade, pensado nos anos 1930, funcionou muito bem, mas qual é o projeto de universidade hoje para o Brasil? Precisamos superar o modelo que foi pensado no passado e quem vai fazer isso senão nós mesmos?", provocou o professor Pansarelli.
"Não conseguimos enxergar a universidade sem a pesquisa, o ensino e a extensão. Temos o desafio de construir o conhecimento integrado nesses três pilares. A universidade é um fenômeno social, que surge quando o povo acredita e sente necessidade de produzir conhecimento. A UEL é fruto desse movimento e não vão nos fazer desistir". A afirmação é do reitor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), professor Sérgio Carvalho, durante a abertura do 1º Encontro Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão, realizada ontem (23), à noite.
O Encontro reúne, em um mesmo evento, o 28º Encontro Anual de Iniciação Científica (EAIC), o 8º Simpósio de Extensão da UEL - Por Extenso, o 2º Encontro Anual de Extensão Universitária e o I Pró-Ensino - Mostra Anual de Atividades de Ensino. O 1º Encontro Integrado tem patrocínio do Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária e do Governo Federal, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A abertura do Integrado contou, também, com a presença da professora Marta Fávaro, pró-reitora de Graduação; da professora Mara Dellaroza, pró-reitora de Extensão, Cultura e Sociedade; e do professor Arthur Mesas, pró-reitor em exercício de Pesquisa e Pós-Graduação. Após a cerimônia de abertura, o professor Daniel Pansarelli, da Universidade Federal do ABC falou sobre os "Caminhos para a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão". Ele foi pró-reitor de Extensão e Cultura da universidade do ABC entre os anos 2014 e 2018.
Pansarelli, durante a palestra, abordou a construção da identidade da universidade brasileira, considerando o contexto histórico do país. Para entender os desafios atuais da universidade, ele recorre à história. No Brasil, a formação superior começa com os primeiros colégios jesuítas por volta de 1550. Esse modelo persiste por 200 anos, até por volta de 1750, com a reforma promovida por Marquês de Pombal.
O Encontro Integrado termina nesta sexta-feira (25) |
Segundo Pansarelli, com a chegada da família real portuguesa em 1808, o ensino superior assume um caráter tecnicista. "Médicos, por exemplo, continuavam a ser formados na Europa, mas a mão de obra da enfermagem passava a ser estruturada no Brasil. Isso ocorre também em outras áreas". O modelo técnico percorre todo o século XIX e somente no século XX, nos anos 1930, o ensino superior se estrutura no Brasil, como a universidade é conhecida atualmente. Ele considera esse processo tardio, se comparado a universidades que surgem, muito antes, em países como o México e outros da América do Sul
Esse modelo de universidade, conforme o professor, pensa o ensino de forma tradicional, que usa a sala de aula e os laboratórios de forma estritamente disciplinar, com pouca inovação. A pesquisa é pautada por valores desenvolvimentistas defendidos pelas Forças Armadas e a extensão, como aquilo que não se encaixa no ensino e na pesquisa, com atividades internas e de formação de servidores. "Esse modelo de universidade é resultado de experiência histórica 'consolidado' durante os regimes ditatoriais do século XX", afirma o professor.
Pansarelli afirma que o desafio, portanto, é repensar a universidade a partir do público que não estava inserido no projeto original de universidade, criada no século XX. "A universidade foi pensada de uns poucos para poucos. Estamos construindo uma universidade nova", afirma ele. Essa nova universidade passa pela inclusão e a facilitação do acesso no começo do século XXI. Em 2000, havia 7% dos jovens entre 18 e 24 anos na universidade. Em 2010, esse percentual passou para 14% dessa faixa etária, passando a incluir segmentos que antes não ingressavam no ensino superior.
"O ensino, a pesquisa e a extensão são, por natureza, indissociáveis e é no contexto dessa nova instituição que temos de pensar nossa atuação. O projeto de universidade, pensado nos anos 1930, funcionou muito bem, mas qual é o projeto de universidade hoje para o Brasil? Precisamos superar o modelo que foi pensado no passado e quem vai fazer isso senão nós mesmos?", provocou o professor Pansarelli.
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